Ipsos custodes nunca mais aparecem e se calhar era melhor ficarem assim
Por causa dos nossos amigos tarrentos lembrei-me de um dos livros que mais prazer tive a ler e reler, e que por esta altura ganhou uma relevância nova: Watchmen. Parece que começa prá semana ou para a outra a rodagem do filme, o mais temido por fãs de comics (sim, "comics" e não "graphic novels") em todo o Mundo.
Os nossos amigos tarrentos chamam-lhe "obra prima da literatura". Eu concordo só se considerarmos "prima" com o significado de "familiar de 2º grau em linha colateral". Porque o Watchmen não queria ser literatura: o Alan Moore não tem vergonha de chamar comics aos comics (um génio ser um gajo descomplexado não é surpresa nenhuma). Watchmen é o "comic", chamar-lhe outra coisa, mesmo que seja "grande literatura", é diminuir o seu estatuto. É minimizar o feito a que o Moore se propôs e que conseguiu com flying colors. O gajo escreveu o Dom Quixote, o gajo construiu o Tin Pan Alley, o gajo filmou o Mundo A Seus Pés. Só que dos comics. Se alguém deixar de o ler só porque repudia comics (embora acedesse fazê-lo se lhe chamassem "graphic novel"), tanto pior para essa pessoa. Tanto pior no sentido "que se foda ele a sua querida família principalmente a cona da tia".
E se o Watchmen não pretendia ser um livro, um filme é que de certezinha mesmo absoluta não queria ser. Moore disse uma vez que num filme não dava para voltar umas páginas para reler uma fala de um personagem que ecoaria mais à frente (escrevi de memória, mas chequei na Wikipedia e parece-me parecido o suficiente, caguei.)
Mas nessa altura ainda não havia DVDs, com um bicho desses dá para andar para trás e para diante na história. O que pode fazer pensar duas vezes muito fã. Mas não eu. Nem o Moore.
Alan Moore, como bom Alan Moore que é, continua a insultar toda a gente relacionada com a feitura do filme e a sua mãezinha. Acho muito bem. Tenho desde já a certeza e aposto a minha parca credibilidade cinematográfica que o filme vai ser uma borrada de dimensões cósmicas.
De qualquer maneira, para os fãs hardcore mais desatentos (ou que já tenham atingido a idade em que dormem no sofá quando chegam do emprego e "não têm tempo para andar a procurar merdas na internet", [*pisc pisc, Mestre Isplinter*]) aqui fica o primeiro argumento escrito para o filme (só passaram 18 anos desde que foi escrito, não é assim taaanto...).
Para matar o tempo antes que o tempo nos mate a nós.
Mestre Isplinter já conhecia esse argumento. Muito pós-911, um início com terroristas e tudo.
ResponderEliminarÉ uma merda.
Dog carcass in alley this morning, tire thread on burst stomach. This city is afraid of me. I have seen its true face.
(e já agora, aquilo não é só do Moore, o Gibbons também conta. Sim, Mestre Isplinter é assim tão hardcore!)
É para se ver o quanto o Watchmen é grande: o argumento para o filme, escrito em 1989, é muito pós 9-11...
ResponderEliminar