segunda-feira, setembro 08, 2008

Uma modesta proposta

O leitor PmCDP comentou o post imediatamente abaixo (pode clicar, mas é um bocado mais fácil e menos idiota simplesmente puxar a página para baixo na barra de lado), sobre penas de prisão em crimes de violência doméstica com a seguinte indagação:

"Caríssimo, realmente penas pequenas em alguns casos não fazem nada. Mas prisão perpétua ou penas bem longas impedem o comportamento recidivo. Ou não?"

Ora bem, apesar de Mestre Isplinter recordar, com toda a razão, uma série de factos e considerações que infirmam na totalidade a tese do comentário, a verdade é que o leitor coloca mais ou menos o dedo na ferida. Ao lado da ferida, naquela zona que fica negra e dói durante um tempo, vá.

O problema essencial do comentário não é defender penas longas e pesadas, o problema é não ir mais longe. Isto porque a única pena que impede, garantidamente, o comportamento "recidivo" (ou "reincidente" para quem não é brasileiro) é a pena de morte. Pena de morte, sim (isto é uma confirmação do aque afirmei na frase anterior, não um slogan). Se o objectivo último das penas for impedir a reincidência, não há outra opção. Não é preciso ter o génio intelectual da doutora Fátima Lopes para concluir que a única forma de garantir que determinada pessoa não volta a cometer nenhum crime é fazer com que essa pessoa tenha um rápido encontro com uma agulha cheia de veneno. Num prédio em chamas. Enquanto come a droga que traficou. Toda. Molho de bife? Está bem. Bem obrigado.

Daí que, também facilmente, damos o passo lógico seguinte, e concluimos que se o objectivo das penas é o de evitar a reincidência, todos os crimes, sem excepção (mais ou menos já lá vou) deviam ser punidos com pena de morte. Ponto final.

A excepção a esta regra seria, obviamente, não punir com pena de morte o crime de deixar um macaco conduzir veículos automóveis, isto porque (como saberão alguns leitores e colegas) eu próprio já fui condenado por esse crime e asseguro que não tem mal nenhum, o Simão conduzia melhor que muitos humanos e além disso se alguem cometeu o crime foi ele, que estava a conduzir, e não eu. Mas pronto, isto para chegarmos à regra final: "todos os crimes dão pena de morte, excepto o crime de deixar animais conduzirem carros".

Mais longe ainda podemos ir, e concluir que, se 90 e tal por cento dos crimes são cometidos por homens, se matássemos preventivamente 99% dos homens diminuíamos o crime 90 e tal por cento duma só vez! Sobrava 1% dos homens, chegava e sobrava para engravidar as mulheres todas, e tínhamos uma sociedade praticamente sem crime!

Admito que depois - sendo a esmagadora maioria da população - passariam a ser as mulheres as responsáveis pela maioria dos crimes, o que implicaria num futuro não muito distante termos de matar 90 e tal por cento delas também. E depois disso, com o re-equilibrio da população dos sexos, os homens passariam a representar a maior parte dos criminosos, situação que levava a sucessivamente termos de exterminar toda a gente até só sobrarem duas pessoas (ainda há aqui umas arestas a limar). E claro que, na escolha de quem matar preventivamente, não influiria qualquer pretérito crime rodoviário envolvendo símios. Era fodido, é certo mas era o preço a pagar por uma sociedade sem crime.

22 comentários:

  1. Estava com vontade de dialogar Maiquel! Tirando parvoíces como a do recidivo, não concordo com nada do que neste post se escreve. Nada. Como normal em quem que é humilde a pensar, não tentou perceber o meu ponto de vista. Está bem.

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  2. Oh, Maiquel muito triste por PmCDP ter perdido a vontade de dialogar...




    (Mas não a vontade de acusar Maiquel de não perceber... ia certamente ser uma discussão do caralho...)

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  3. Não percebeu outra vez! Eheheh! Esta agora...

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  4. Há-de convir que esta frase é fodidamente ambigua:

    "Como normal em quem que é humilde a pensar, não tentou perceber o meu ponto de vista."

    e esta então nem se fala:

    "Estava com vontade de dialogar Maiquel!"

    Porque isto de não perceber não é sempre um problema do destinatário...

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  5. Calma, calma! Como diz zorba the geek, "não vale a pena chateaream-se por meia dúzia de tostões". Ou, neste caso, "não vale a pena chatearem-se por meia dúzia de anos de prisão. Ou a vida toda."

    PmCDP, como deve ter percebido, o estilo de posts de Maiquelnaite (e deste blog em geral) é assim um bocado a puxar para o absurdo. Embora não tanto que dê para ele defender a prisão perpétua...
    (eheh, só uma piadinha inofensiva para desanuviar)

    Claro que se Maiquel tivesse de discutir essa questão perante uma Judite de Sousa, ele certamente usaria alguns dos argumentos mais ortodoxos (que, acredite, ele domina melhor que ninguém), e falaria em Figueiredo Dias, Costa Andrade, Claus Roxin, Yogi Berra e outras luminárias, tocando neste argumento só ao de leve, embora pessoalmente até veja algum sentido no que ele disse. Um sentido perverso onde macacos guiam em contra-mão, mas ainda assim um sentido.

    E depois tem de se recordar que esta é a pessoa que fez isto: http://www.youtube.com/watch?v=82-FJyniP7A

    Por isso antes de ter vontade de lhe dizer das boas, lembre-se que o viu naquela figura, e que isso já satisfaz a sua sede de ciber-porrada (apesar de todos aqui n'A Chave adorarem uma boa ciber-porrada).

    Quanto ao Maiquel, lembro que nem todos os visitantes d'A Chave estarão habituados à rude absurdidade com que fraternalmente e sem malícia os seus integrantes brindam os seus ciber-compinchas de uma boa ciber-porrada.

    Pelo que há que ir com calma antes, e quando apresentarem questões que podem insinuar que ideias como a prisão perpétua (ou a imposição de inocentes serem agredidos com a porcaria do fumo dos outros) são válidas, convém soterrar primeiro as mesmas com a costumeira avalanche de argumentos óbvios como tudo e chatos como o raio, para só depois brindar a audiência com divertidos posts como este em que o Macaco Simão é muito bem metido, sim senhor.

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  6. dass Maiquel! O único comentador extra blog e não te podias conter...

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  7. Mestre Isplinter:
    podes-te ir foder, que eu não preciso que me defendam e sei muito bem que não era isso que estavas a tentar fazer mas sim a desagravar a situação com o PcTpMRPP ou lá como se chama. Ainda assim, preventivamente, vai-te foder.

    A Côca:
    Podia conter-me mas o meu Yogi disse-me para deitar as coisas cá para fora, especialmente em relação ao Mestre Isplinter. O nome do meu Yogi é Dhalsim, if you know what I mean...

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  8. filhinho, quando tiveres que falar mal, fala! Estás a aliviar o teu espírito pessoalmente.

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  9. E com esta história toda fiquei cheio de vontade de dialogar com o PPd-CdsPP e ele agora não me liga nenhuma...

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  10. Só ligo quando perceber a frase: "Estava com vontade de dialogar Maiquel!" (duas pistas: vírgula, entoação)

    Mestre Isplinter, é óbvio que a prisão perpétua se justifica, não está em causa. O discurso irónico de Maiquel é absurdo etenta atoda a força ter piada ... Nem todos somo o gato fedorento. Para ser é preciso pelo menos perceber esta frase: "Estava como vontade de dialogar Maiquel!"

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  11. Parece que o MdPCDE começa a acertar em algumas coisas, não posso esquivar-me a dar-lhe os parabéns pela perspicaz observação de que nem todos somos outras pessoas completamente diferentes, nomeadamente o Gato Fedorento. Eu acrescentaria que, além dos elementos do Gato Fedorento, mais ninguém é o Gato Fedorento.

    Com o momentum que o amigo FLP-MPT está a criar, ainda acaba a dar-me uma tosa...

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  12. Mas que bem! Temos um entendido do Prec. Com a conversa fiada acerca da prisão e assim, aposto que gosta do Otelo e acha aquele vídeo do Pinheiro de Azevedo a dizer que vai almoçar, uma prova acabada de que o gajo é fascista.

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  13. Gosto do Otelo e da Desdémona, o Iago já acho um bocado olho do cú.

    O Pinheiro de Azevedo não sei se é fascista, ele e eu temos alguma história já que o man é daqueles Amigos de Olivença e eu e esse pessoal temos um pequeno ongoing frisson-barra-atrito (mas civilizado, atenção).

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  14. Oh meu Deus , o que eu rezei para não ter que gramar com o trocadilho do Shakespeare... Eu sabia que devia ter falado antes no companheiro Vasco.

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  15. Eu sei que rezou, usei-o mesmo só para lhe mostrar que deus não existe.

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  16. Não. A minha reza foi apenas uma mostra da fraqueza humana. A esperança na redenção do próximo.

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  17. Ó meu caro PoUS, "Não" o quê?

    Começo a pensar que isto de não nos entendermos não sou eu, é mesmo você...

    Ou então o amigo começa certas frases pela palavra "não" só mesmo por (vamos chamar-lhe) tique (a propósito, até acho que há um sketch do gato fedorento sobre isso).


    (A despropósito, este post é o mais comentado de sempre aqui do blog, se isto chegar aos vinte comentários declaro desde já que meto aqui uma foto minha semi-nú com um chapéu de cozinheiro na cabeça)

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  18. Outra vez a não perceber? Ai ai. O não era só uma forma de negação completa do seu comentário. Reconheço o erro ao não ter colocado um "pá" depois. Exemplo: Sentença: "Bla, blá, blá, blá..." Resposta: "Não, pá."

    Força aí com a foto.

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  19. E lá se foi uma passagem de ano que podia ter sido ainda mais animada! Os dois subjugados ao poder da mesma grade de minis. Podia ter sido lindo. Falhei, mas, mal possa, redimo-me.

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  20. A grade de minis é a única que me agrilhoa!

    (sim eu disse "agrilhoa")

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